terça-feira, 25 de novembro de 2014

25 de novembro: Basta de Violência contra a mulher!

É necessário organizar as trabalhadoras e trabalhadores pelo fim da violência



Ana Pagu, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU
O dia 25 de novembro foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999 como o Dia Internacional pela Não-Violência à Mulher. A situação de barbárie e violência contra a mulher, contudo, está transformando a data num dia de luta de nossa classe.
No Brasil, entre 1980 e 2010, 91 mil mulheres foram assassinadas. Com isso, ocupamos a 7° posição, entre 84 países, em relação aos elevados índices de feminicídios. Na prática, a cada uma hora e meia, uma mulher é assassinada.
As que mais morrem são as jovens e negras da classe trabalhadora, que vivem nas regiões mais pobres do país: Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Apesar de ocorrer em âmbito privado, afeta toda a sociedade e, principalmente, as trabalhadoras, que, muitas vezes, se submetem por questões econômicas. Não é coincidência que as maiores vítimas são as mais pobres, diretamente relacionadas às desigualdades sociais promovidas pelo capitalismo.
Bilhões aos banqueiros,
migalhas às mulheres
Uma parte desse problema se deve ao fato de que não há investimentos para que a Lei Maria da Penha seja de fato aplicada. Em oito anos de existência, não houve redução na média dos assassinatos de mulheres. O governo Dilma, primeira mulher presidente do país, apesar de manter um discurso de combate à violência, na prática, fez sucessivos cortes nos investimentos destinados a esse fim.

No orçamento de 2013, foram investidos apenas R$ 151 milhões para combater a violência, enquanto se gastou cerca de R$ 718 bilhões com o pagamento das dívidas externa e interna. Ou seja, enquanto quase metade do orçamento do país foi para pagar juros a banqueiros, míseros 0,003% do PIB foi utilizado para proteger a vida das mulheres e combater os preconceitos machistas em nossa sociedade. Pesquisas recentes revelam que grande parte das pessoas considera que a culpa da mulher ser vítima de violência física ou sexual é responsabilidade dela própria, por comportamento inadequado ou por causa da roupa que estava usando.
Criminalizar e combater o machismo
Queremos a punição dos agressores e atenção às vítimas. Por isso, é necessário investir, no minímo, 1% do PIB no combate à violência machista. Isso possibilitaria a construção e a manutenção de centros de referência bem equipados a cada 50 mil habitantes, casas abrigo e campanhas massivas de combate ao machismo. Também é preciso exigir a desmilitarização da PM e combater a criminalização dos movimentos sociais.

São necessárias medidas além da lei, com políticas públicas de distribuição de renda, criação de empregos formais, acesso à moradia, salários dignos e garantia de direitos sociais e previdenciários. Do ponto de vista ideológico, devem ser feitas campanhas educativas e de conscientização contra o machismo.
A ONU não nos representa
A ONU, apesar de aparecer como defensora dos direitos humanos, é um órgão do imperialismo, incapaz de levar a luta para acabar com a violência contra a mulher. Para derrotar o machismo, é necessário derrotar o capitalismo, e esse não é objetivo da ONU. A única possibilidade de livrar a mulher do machismo é enfrentar a opressão e a exploração.

Só os trabalhadores organizados em sindicatos, no movimento popular, em movimentos classistas de mulheres podem travar essa luta até o final.
MML lança abaixo-assinado: Chega de Violência! 1%
No dia 22 de novembro, o Seminário Nacional do Movimento Mulheres em Luta (MML) lança uma campanha para exigir do governo medidas e investimentos concretos para aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha. Participe dessa campanha, assine! Veja mais informações em: mulheresemluta.blogspot.comdo PIB já!

Fonte: pstu.org.br

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Herdeiros de Zumbi, Dandara, João Cândido e Luiza Mahin

Celebrar o “20 de novembro” é mais do que se contrapor à ideia da “liberdade concedida” que foi construída em torno da farsa do “13 de maio”. É, acima de tudo, lembrar o verdadeiro sentido da luta dos nossos ancestrais quilombolas: o combate, através da ação direta, do sistema e da elite que, desde a escravidão, se beneficiam com a opressão racial, a marginalização e a superexploração de negros e negras.
Esta é a lição que nos foi deixada por Zumbi e Dandara que lutaram em defesa da República de Palmares, onde “tudo que era produzido era distribuído de acordo com o trabalho e a necessidade de cada um”, como relatou espião do governador de Pernambuco, em 1694.
Foi isto que nos ensinaram Luiza Mahin e os Malês que em 1830, planejaram a tomada do poder em Salvador para por fim à escravidão e conquistarem condições dignas de vida. E Negro Cosme que, na mesma época, liderou a Balaiada, no Maranhão, sob os gritos de “O Balaio chegou, não tem mais nem sinhô”. Esta, também, é a herança de João Cândido e seus marinheiros que, em 22 de novembro de 1910, voltaram seus canhões contra a sede do governo federal para acabar com o terror das chibatas.

Chega de racismo! Abaixo ao capitalismo!
Passados 126 anos da abolição, esta luta de “raça e classe” continua necessária. Vivemos em um país onde latifundiários, banqueiros e patrões, acobertados pelos governantes, a “justiça” e o Congresso, lucram com o sofrimento imposto, cotidianamente, aos nossos irmãos e irmãs. Lamentavelmente, não faltam exemplos.
Aqui, segundo o IBGE, em 2010, enquanto, a média salarial dos homens brancos era de R$ 1020,00, a dos negros era R$ 539,96. E de uma negra girava em torno R$ 450,00. Este é um país onde as vidas de Claúdia, Douglas, Amarildo e Jean e são descartáveis.
Durante as eleições, o PSTU foi o partido com o maior número de candidaturas de negras e negros e de mulheres e usou o pouco tempo de TV para denunciar todas formas de opressão. Para nós, a luta contra o racismo, o machismo e a homofobia tem que ser travada todos os dias e como dizia Malcolm X, “através de todos os meios necessários”.
Já Dilma (assim como os candidatos dos partidos burgueses) não se cansou de fazer promessas de combate ao racismo e suas nefastas consequências. Contudo, isto é tão falso quanto dizer que, no Brasil, existe uma “democracia racial”.
Só a luta pode mudar a vida de negros e negras
Desde o ano que Lula foi eleito até 2012, o número de jovens negros assassinados só aumentou. Enquanto isso, a taxa de mortalidade infantil de nossos filhos continua cerca de 60% maior do que dos brancos. E 2,6 mulheres afrodescendentes morrem por dia por causas maternas (contra 1,5/dia das brancas).

É por essa e inúmeras outras que na campanha ou nas ruas sempre repetimos que só a luta muda a vida. Só a luta, ao lado trabalhadores, da juventude e dos demais oprimidos e explorados, pode acabar com o sistema que se beneficia com a opressão.
*Foi candidata à vice presidência pelo PSTU

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Petrobras 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores e do povo brasileiro

Américo Gomes, da Fundação José Luis e Rosa Sundermann

Realmente lamentável a posição da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre a crise da Petrobras apresentada na nota “FUP exige rigor na apuração das denúncias de corrupção na Petrobrás” onde cobra "a mais rigorosa apuração e punição a todos os comprovadamente envolvidos" nas denúncias de corrupção na empresa. O que é o mínimo que qualquer brasileiro deve exigir frente à corrupção generalizada que existe na empresa.
Corrupção, diga-se de passagem, que vem desde as épocas da ditadura com os ditadores Emilio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, que beneficiavam grupos empresarias como Odebrecht, Ultra, Mariani e Suzano.
Mas é um absurdo que uma federação que diz representar os trabalhadores não coloque nenhuma denúncia sobre o processo de privatização da empresa, que vem desde Fernando Henrique Cardoso e que acabou com o monopólio da Petrobras, mas que também continuou com Lula com os leilões, iniciados pelo PSDB, e o leilão do megacampo de Libra em 2013. Essa considerada a maior privatização já realizada na história do Brasil.
Não denuncia a terceirização que levou o efetivo atual do Sistema Petrobras a ser de 86 mil, enquanto o número de terceirizados é de 360 mil. Com trabalhadores precarizados, com baixos salários e péssimas condições de trabalho e de segurança, que levou a morte dezenas deles nos últimos anos.
Terceirização que levou a uma relação promíscua com as empreiteiras em obras como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj, palcos de inúmeras greves contra as más condições de trabalho e salários. Relações que levam a corrupção e maracutais, garantem as propinas dos políticos corruptos, mas também os lucros dos acionistas, particularmente os internacionais que pegam seus dividendos na Bolsa de Nova York
Mas o pior de tudo é que a FUP não fala em prisão dos corruptos e corruptores, com punição exemplar para estes criminosos, com o confisco dos seus bens, assim como a estatização de todas as empreiteiras que se construíram durante décadas desviando recursos públicos. Que uma parte deles era transformada em doações eleitorais milionárias aos políticos. Para acabar com a corrupção é necessário acabar com a terceirização.
É preciso defender a empresa da oposição de direita já que está quer privatizá-la.
Mas só isso não basta. A corrupção também é fruto do avanço da privatização na Petrobras.  Por isso, o governo do PT deve demitir toda a atual diretoria da Petrobras, parar imediatamente com os leilões, e anular os que foram feitos.
É preciso, mais do que nunca, restabelecer o monopólio estatal do petróleo e uma Petrobras 100% estatal sob o controle dos trabalhadores e da população mais carente.  Com isso, vamos acabar com a precarização das condições de trabalho, para que se possa vender a gasolina e diesel mais baratos, baixando o preço do transporte e dos alimentos e o gás de cozinha a preço zero.
Fonte: pstu.org.br

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A revolução que mudou o mundo

João Gabriel, da Secretaria Nacional de Formação do PSTU

A Revolução Russa completa 97 anos. Para marcar esta data, o Opinião publica uma cartilha que narra a história de forma popular


A Revolução Russa aconteceu em 1917. Você pode estar se perguntando: “Para que estudar um evento que aconteceu há tanto tempo atrás? Vale a pena dedicar o meu tempo para saber o que foi a Revolução Russa?” Acreditamos que sim e dizemos por quê.No dia 7 de novembro, se completam 97 anos de um dos principais fatos históricos da humanidade: a Revolução Russa. O PSTU está publicando uma cartilha que narra a história deste episódio, escrita por Henrique Canary. Convidamos você, leitor do Opinião a iniciar esta leitura e conhecer um pouco mais sobre esta história.
Estudar a história humana e compreender como homens e mulheres agiram no passado sempre é importante. Por meio do conhecimento do passado, podemos planejar melhor as nossas ações no presente e construir um futuro diferente. E para os ativistas sociais que lutam contra as atuais mazelas do capitalismo, é fundamental entender como a classe operária russa conseguiu acabar com a exploração burguesa em seu país, pela primeira vez na história. Por isso, a Revolução Russa nos traz ensinamentos ainda atuais e não é por acaso que ela é estudada e debatida até hoje.
Avanços da Revolução
Os avanços sociais conquistados pelos trabalhadores russos foram imensos. Assim como nós fazemos aqui no Brasil, a classe operária na Rússia também organizava muitas lutas e greves com o objetivo de melhorar seus salários e suas condições de vida. E eles demonstraram na prática que o que eles defendiam não era uma utopia irrealizável, mas sim algo possível: ter uma vida melhor. O mundo vivia uma época de guerras e crises capitalistas, mas a Rússia assegurou emprego para todos, consolidou um conjunto de direitos sociais superiores aos das potências capitalistas, com saúde e educação gratuitas, moradia, previdência, acabando com problemas típicos do capitalismo.
A Rússia pós-revolução foi o país no mundo em que mais se avançou nos direitos das mulheres. Lançou as bases para a socialização do trabalho doméstico e revogando a legislação que institucionalizava a desigualdade entre homens e mulheres.
Indo além
Contudo, não foi qualquer luta que os trabalhadores russos protagonizaram. Eles foram além das lutas que estavam acostumados a fazer no dia-a-dia. Pela experiência, perceberam que apenas com greves e lutas sindicais não alcançariam tudo aquilo que reivindicavam. Eles organizaram uma revolução, para tomar o poder em suas mãos. Em vez de só exigirem dos governo e dos patrões, decidiram que eles próprios governariam. E foi assim que, pela primeira vez na história da humanidade uma classe explorada conseguiu vencer seus exploradores e resistir para manter o poder nas mãos da maioria.
Partido Bolchevique
Isso só foi possível pois na Rússia existia um grupo de revolucionários muito dedicados e disciplinados, que se prepararam durante os anos iniciais do século 20 nas lutas operárias, mantendo a estratégia socialista em seu programa. Este grupo estava organizado em um partido, o Partido Bolchevique. Foi este partido que, intervindo nas ações revolucionárias das massas russas, conseguiu dirigir a revolução até a tomada do poder e a construção de uma nova sociedade.

Em Congonhas/MG, entre em contato pelo telefone (31) 9752-0983 e adquira a sua.

Presidentes de empreiteiras são presos em escândalo que envolve PT e PSDB

É preciso exigir o confisco dos bens de corruptos e corruptores, além de reforçar a campanha por uma Petrobras 100% estatal


A Polícia Federal desencadeou nesta sexta, 14, a sétima etapa da chamada Operação Lava Jato, que investiga a formação de cartel, fraude e desvio de recursos da Petrobras. Numa ação que durou todo o dia e contou com 300 policiais em cinco estados, foram presos 21 altos executivos das nove maiores empreiteiras do país, incluindo os presidentes da Camargo Corrêa, OAS, Iesa e UTC. O vice-presidente da Mendes Júnior também está entre os detidos e os escritórios da Odebrecht foram vasculhados.

O ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, também foi detido. Duque, ligado ao PT, seria um dos articuladores do esquema e teria recebido propinas através de depósitos milinários em contas localizadas em paraísos fiscais.
Juntas, essas empreiteiras mantêm contratos que somam nada menos que R$ 59 bilhões com a Petrobras (entre 2003 e 2014). A estatal é o atual principal cliente de todas essas empresas. Segundo a polícia, outras seis empreiteiras estariam envolvidas, mas ainda não se teriam provas suficientes para uma ação contra elas.
Lava Jato
A primeira parte da operação deflagrada em março resultou na prisão do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa. Inicialmente montada para investigar lavagem de dinheiro e evasão de divisas, os indícios logo apontaram para a Petrobras e um esquema de formação de cartel entre as grandes empreiteiras, que se reuniam e dividiam os contratos entre si. As licitações eram fraudadas, as obras superfaturadas e as propinas eram pagas a políticos e diretores da estatal. Entre as obras superfaturadas estão a refinaria Abreu e Lima (PE) e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), no Rio.

Além das principais empreiteiras e da direção da Petrobras, as investigações e os depoimentos tomados na delação premiada revelariam o envolvimento de nada menos que 40 políticos, muito deles peixes graúdos.
Crise política e o rabo preso do PSDB
A inédita prisão dos presidentes das maiores empreiteiras do Brasil deve aprofundar uma crise política que já desgastava o governo Dilma. Mais do que isso, deve expor a relação promíscua e corrupta entre a direção da estatal, o governo, as grandes empresas privadas e, inclusive os partidos da oposição de direita, como o PSDB. Só para se ter uma ideia,  juntas, essas empreiteiras doaram cerca de R$ 200 milhões durante a última campanha eleitoral, valor que deve subir já que as prestações do segundo turno ainda não foram contabilizadas. Doações milionárias que irrigaram campanhas tanto do PT quanto do PSDB.

O escândalo de corrupção na Petrobras mostra um esquema bilionário de desvio de recursos públicos que, com os detalhes vindo à tona, devem comprometer ainda mais o PT e o governo Dilma. Expõe ainda, a exemplo do mensalão, como o Partido dos Trabalhadores, ao optar por governar para as grandes empresas, assumiu os esquemas de corrupção montados pelo PSDB. De acordo com os depoimentos, esse esquema de cartel e propina teria sido articulado ainda nos anos 1990, justamente o período em que FHC avançou na desnacionalização do petróleo com a quebra do monopólio e na privatização da empresa.
O PSDB, por sua vez, que tenta de forma hipócrita capitalizar politicamente o escândalo com o auxílio de grande parte da imprensa, também está envolvido até o pescoço. Ainda de acordo com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o ex-presidente da legenda, Sérgio Guerra (morto em março), teria recebido R$ 10 milhões de propina para desistir e pôr fim à CPI da Petrobras em 2009.
O envolvimento do PT e do PSDB com o escândalo e as grandes empreiteiras é tão grande que, mesmo com os presidentes das empresas temporariamente presos, os líderes dos partidos na CPI mista no Congresso reforçaram o acordo para blindarem as empreiteiras durante as investigações. 
Punir os corruptos e reestatizar a Petrobras
Apesar da ação inédita, é pouco provável que os presidentes das empreiteiras permaneçam por muito tempo atrás das grades. Menos provável ainda é que essas empreiteiras ressarçam  os cofres públicos de tudo o que foi desviado. Apesar desse primeiro passo, é preciso exigir a prisão de todos os corruptos e corruptores, e que os que já estão presos permaneçam na cadeia. Ou seja, é preciso punir todos os políticos e empresários envolvidos nessa maracutaia, confiscar todos os seus bens, além de estatizar as empreiteiras envolvidas.

Desde o escândalo de Pasadena está cada vez mais evidente como o processo de privatização da Petrobras está intimamente ligado aos casos de corrupção. Ao contrário do que tenta mostrar a oposição de direita, é justamente a ligação cada vez mais promíscua da estatal com o capital privado, em que o PT avançou, que origina os casos de corrupção. Mais do que nunca, é preciso reforçar a campanha por uma Petrobras 100% estatal, controlada pelos trabalhadores, que atue a serviço da população e não para enriquecer os acionistas estrangeiros ou as grandes empreiteiras.
Fonte: pstu.org.br

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Posição do PSTU no segundo turno das eleições presidenciais

Zé Maria, Presidente Nacional do PSTU

Diante de um segundo turno disputado por um candidato do PSDB – representante maior dos bancos e das grandes empresas em nosso país – e uma candidatura do PT, nós entendemos as razões que levam ainda muitos trabalhadores a acharem que é melhor votar em Dilma para derrotar Aécio Neves, e respeitamos, obviamente, a opinião de todos que pensam assim. Mais que isso, queremos estar juntos com estes e com todos os trabalhadores nas lutas que teremos pela frente para defender nossos direitos e melhores condições de vida para nosso povo. No entanto, queremos expressar claramente a opinião do nosso partido pelo voto nulo e as razões pelas quais a adotamos.
O PSTU lançou candidatos às eleições para defender um programa operário e socialista para o país. Um programa para garantir o atendimento das demandas necessárias para assegurar vida digna para os trabalhadores e o povo pobre - saúde, educação, moradia, transporte, aposentadoria, reforma agrária, emprego e salário digno para todos. Para assegurar o respeito aos direitos das pessoas LGBT, o fim da discriminação e do machismo contra as mulheres e do racismo contra negros e negras. Que ponha fim à violência e à criminalização da pobreza e das lutas dos trabalhadores e da juventude brasileira.
Um programa que, para atingir estes objetivos, avança em medidas para colocar fim ao controle que os bancos, as empreiteiras, as multinacionais e as grandes empresas têm sobre nosso país, pois esta é a única forma de acabar com a injustiça e a desigualdade.
O segundo turno das eleições será disputado por duas candidaturas que não defendem este programa. Aécio Neves, do PSDB é o representante direto dos bancos e das grandes empresas que controlam o país. Seu governo seria a expressão clara do retrocesso, da volta de um governo que, como FHC, privatizou, entregou o patrimônio do Brasil às multinacionais e atacou duramente os direitos dos trabalhadores. De governos como o de Geraldo Alckmim de São Paulo e de Anastasia em Minas Gerais, onde a brutalidade e a violência policial é a única resposta às demandas dos trabalhadores, do povo pobre e da juventude a brutalidade policial.
A continuidade do governo do PT, com Dilma Roussef, tampouco vai trazer as mudanças que os trabalhadores e a juventude brasileira querem, para terem uma vida melhor. Depois de 12 anos de governo petista, é forçoso reconhecer que este partido tem governado privilegiando os mesmos interesses que o governo anterior. Ao buscar uma aliança com os bancos e grandes empresas para governar (representados pelos Sarney’s, Collor’s e Maluf’s da vida), o PT não mudou nem vai mudar o país.
O Bolsa Família, apresentado como prioridade do governo petista, pois destinado a combater a pobreza, leva do orçamento do país cerca de 24 bilhões de reais/ano. Já o Bolsa Banqueiro – recursos públicos que saem do mesmo orçamento para engordar os lucros dos bancos e especuladores do mercado financeiro – chega a 900 bilhões de reais/ano. Ou seja, a prioridade, de fato, segue sendo os bancos e não os pobres.
Pelo contrário, com a desaceleração da economia que estamos assistindo – o PIB do país deve crescer menos de 1% este ano – o que está em preparação desde já são mais ataques aos direitos dos trabalhadores. É o aumento do preço da gasolina (e aumento de preços que vêm em cascata toda vez que aumenta a gasolina), aumento da tarifa de luz, continuidade das privatizações, como o recente leilão do Campo de Libra; o que se prepara é mais subsidio para os bancos e grandes empresas, e não medidas que impeçam o crescimento de desemprego.
Vai ser assim em um eventual governo do PSDB, mas infelizmente, pelo que se viu nos últimos doze anos, também em um governo do PT. A experiência do povo brasileiro com os governos do PSDB e também com os governos do PT não dá base para que se tenha ilusão de que o resultado destas eleições mude o país e acabe com as mazelas que afligem nossa vida cotidianamente. Pelo contrário, os trabalhadores e a juventude devem se preparar para a luta em defesa de seus direitos e interesses. É nas lutas que vamos mudar o Brasil para assegurar vida digna para os trabalhadores e o povo pobre.
O PSTU acredita, como dissemos no primeiro turno, que o voto é um gesto político, fortalece quem o recebe. E – por tudo que está dito acima – nossa opinião é que não podemos fortalecer nenhuma das alternativas que estão disputando o segundo turno. Por esta razão, nossa opinião é que o voto certo no segundo turno é o voto nulo, e que sim, precisamos fortalecer cada vez mais a organização e a luta dos trabalhadores e a juventude, pois é na luta que reuniremos condições para mudar nosso país. É esta opinião que levamos aos milhares de trabalhadores e jovens que nos acompanharam na primeira fase das eleições.
Saudações socialistas
Zé Maria, Presidente Nacional do PSTU

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Passadas as eleições, a luta continua. Conheça mais o PSTU!

Um convite especial a você que votou '16' neste domingo, ou que simplesmente acha que é preciso lutar para mudar a realidade


Nessas eleições, o PSTU apresentou uma alternativa de classe e socialista para presidente, contra a falsa polarização do PT e PSDB, e também contra a falsa terceira via representada por Marina Silva. Zé Maria enfrentou o boicote dos grandes meios de comunicação, assim como uma lei eleitoral injusta que privilegia os partidos que estão no poder, para apresentar um programa socialista, defendendo um governo sem patrões e um Brasil para os trabalhadores. Uma campanha totalmente financiada pelos trabalhadores, sem dinheiro de bancos e empreiteiras, e com ênfase na classe operária.
Para o PSTU, a eleição é apenas um momento da disputa política na sociedade. E não o mais importante, pois é um terreno da burguesia, um jogo de cartas marcadas em que os candidatos dos bancos e grandes empresas são quem têm chances de vencer. O PSTU utiliza a campanha eleitoral para divulgar um programa socialista para o país, e também para dizer aos trabalhadores que as verdadeiras mudanças virão não das eleições, mas da luta da classe trabalhadora, das greves e mobilizações. Este é o nosso verdadeiro terreno.

A você que acompanhou a campanha do PSTU e votou “16” neste domingo, nosso muito obrigado. Cada voto em Zé Maria e nas candidaturas do PSTU é um voto roubado da burguesia e um ponto de apoio na construção e fortalecimento de uma alternativa de classe, socialista e revolucionária. Passadas as eleições, fazemos um convite especial, assim como a você que não votou no PSTU, mas concordou com o nosso programa e também acha que é preciso lutar para mudar as coisas: Conheça mais o PSTU!
Um partido diferente
O PSTU não é como os demais partidos, que você vê apenas na campanha eleitoral e depois desaparecem. Não somos um partido em que as pessoas entram para “se arrumar na vida”. O PSTU atua cotidianamente na luta dos trabalhadores, nas mobilizações, nos movimentos sociais e estudantis. Nossa luta é todos os dias. Mas qual a necessidade de um partido?

As greves e manifestações são importantes e é através delas que temos conquistas. Mas elas têm um limite. As Jornadas de Junho, por exemplo, fizeram tremer o país e derrubaram o aumento das passagens de ônibus em várias capitais. Mas, depois, o aumento voltou em vários lugares. Uma greve pode conquistar reajuste nos salários, mas logo depois ele é comido pela inflação. É preciso dar um sentido estratégico a essas lutas. E, para nós, a estratégia é acabar com esse sistema injusto em que uma pequena minoria vive às custas da maioria explorada. Acabar com o capitalismo. Não há qualquer possibilidade de um “capitalismo humanizado”, mas tão somente miséria, 

O PSTU é um partido socialista, pois só é possível acabar com as mazelas do capitalismo num sistema em que a maioria governe. Se são os trabalhadores que produzem todas as riquezas desse país, por que não são eles quem governam? Não temos nada a ver com as caricaturas de socialismo que existiram na história, como a União Soviética estalinista, a China ou Coreia do Norte. Para nós, socialismo pressupõe uma verdadeira democracia. Não essa democracia hipócrita que temos hoje, que quem manda é quem tem o poder econômico, mas a democracia operária, em que os próprios trabalhadores decidam seus destinos.
O PSTU é um partido revolucionário, pois só com uma revolução será possível tirar a burguesia do poder. As eleições e o parlamento funcionam para manter tudo como está. Os políticos financiados pelos banqueiros e empreiteiras são os que ditam as regras. A Justiça que temos hoje é uma Justiça de classe, que criminaliza os pobres, negros e os que lutam para mudar essa realidade. Uma revolução em que a classe trabalhadora, a juventude e a grande maioria da população se mobilizem e tomem o próprio destino em suas mãos.
O PSTU é um partido democrático. Funcionamos com base no centralismo democrático. O que é isso? Diferentemente de outros partidos, em que os chefes e os parlamentares mandam e os outros obedecem, no PSTU a política é discutida democraticamente entre seus militantes. Diferentes propostas são votadas, e a que ganhar é aplicada pelo conjunto do partido. 
Saiba mais sobre o PSTU!
Conheça mais as nossas ideias, propostas e a forma como funcionamos. Filie-se e continue essa conversa!


Fonte: pstu.org.br



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Como devem ser financiadas as Campanhas eleitorais?

No dia 07 de Setembro, no Grito dos Excluídos em Congonhas, dois materiais impressos apareceram e foram distribuídos gratuitamente para os presentes: um era o boletim "A Voz dos Mineiros", do sindicato Metabase Inconfidentes, e o outro o jornal "Brasil de Fato" de Minas Gerias. Coincidentemente, ambos traziam uma matéria sobre o financiamento de campanha.

No  panfleto A Voz dos Mineiros (que lincamos abaixo), uma matéria sobre o financiamento de campanha trazia a quantidade de dinheiro que a Vale e CSN haviam dado para os grandes partidos (PT, PSDB, PMDB, PSB, entre outros) e demonstrava como, a partir deste vinculo, as empresas dominavam a política nacional e, independentemente de quem ganhasse, garantiam que seus interesses fossem defendidos.

No final da matéria, corretamente o panfleto dizia-se orgulhoso pelo fato do diretor do sindicato, Valério Vieira, ter se desincompatibilizado para se candidatar e financiar sua campanha exclusivamente com o apoio de trabalhadores, estudantes e militantes do seu partido.

A matéria que saiu no Brasil de Fato MG sobre o financiamento de campanha (e que também lincamos abaixo para que cada um forme sua opinião) é uma vergonha.
A matéria, em um tom jornalístico e asséptico, começa por explicar que “A campanha eleitoral, embora dure um curto período,  é um processo que demanda grande volume de recursos.” Logo em seguida diz: “Os partidos e os candidatos custeiam o período eleitoral através de financiamento.”

Ou seja, as campanhas custam dinheiro, o que é verdade, e para resolve-lo os candidatos buscam financiamentos, o que também é verdade. E como os candidatos se financiam? candidamente a matéria explica que “Os recursos para as campanhas eleitorais podem vir dos próprios candidatos ou partidos; da comercialização de bens e serviços ou da promoção de eventos; de doações de pessoas físicas, limitadas a 10% dos rendimentos brutos do doador no ano; e doações de pessoas jurídicas, limitadas a 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição, entre outros”. No parágrafo seguinte explicam que: “Como a campanha eleitoral exige um grande volume de recursos, acabam se beneficiando aqueles candidatos que têm maior capacidade de arrecadação.”
Para concluir o show de bizarrices, a matéria dá dicas de como acompanhar as contas dos candidatos e que se deve denunciar caso encontre irregularidades.

Não se encontra na matéria do Brasil de Fato nada que se compare a uma denúncia implacável contra os partidos que se beneficiam deste tipo de financiamento, nem tão pouco das relações pra lá de espúrias entre financiadores e financiados. No máximo, em um parágrafo no mesmo estilo asséptico, vem a tímida constatação de que as empresas veem as doações como um investimento.

É de se perguntar por que o jornal Brasil de Fato não diz as coisas como elas devem ser ditas. Por exemplo, que o PT é hoje o maior arrecadador de financiamento junto às grandes empresas. Que até as ultimas eleições recebeu milhões de bancos como o Itau ou de empresas como a Vale. Também causa estranheza que a única medida proposta pelo jornal seja que os eleitores fiscalizem as contas dos candidatos e denunciem.

Na opinião do Brasil de Fato, um político financiado pelos grandes bancos e corporações vai depois governar ou exercer seu mandato a serviço de quem? Ou as empresas que financiam ano após ano, eleição após eleição os mesmos candidatos fazem investimentos inúteis perpetuamente?

Por fim, não reivindicarem a história do movimento operário, e inclusive do próprio PT, que em suas origens se financiava com dinheiro de seus militantes e simpatizantes; não dizer que é possível fazer campanhas eleitorais de outra forma e não defender a independência financeira dos partidos e organizações operarias é dar ao leitor menos experiente a sensação de que não se pode fazer de outro jeito. É deseducar e validar a prática dos grandes partidos que recebem dinheiro das grandes empresas e que uma vez eleitos governam para elas.

Nós acreditamos que as coisas são de outra forma. Uma candidatura operária e popular pode e deve buscar seu financiamento junto aos trabalhadores e à juventude. Somente com absoluta independência financeira uma candidatura poderá levar até o fim a defesa dos interesses dos trabalhadores.

Uma organização política que em nome de conquistar mais mandatos aceita ser financiada por patrões e empresários, inevitavelmente passará a defender os interesses de seus financiadores para ter mais “viabilidade eleitoral”. Infelizmente, o Brasil de Fato não passou no primeiro critério de participação nas eleições: o da defesa intransigente da independência de classe.

De nossa parte, seguimos dizendo o mesmo de sempre. Não votem nos políticos e partidos financiados pelas grandes empresas. Uma vez eleitos eles governarão contra os trabalhadores a juventude e o povo e a favor de seus financiadores!


Grandes empresas investem em campanhas políticas para controlar o país!

Muito se fala da corrupção no Brasil. Mas existe uma forma de corrupção pouco debatida, que é legalizada e apropriada pela maioria dos partidos e políticos: o financiamento de campanhas.

As grandes empresas do país, como Vale, CSN, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Itaú, Bradesco, entre outros, investem pesado em campanhas eleitorais. Nas eleições presidenciais de 2010, PT, PSDB e PSB gastaram R$ 266 milhões. Em 2014, esses partidos estimam gastar quase o dobro (cerca de R$ 500 milhões). Quase 90% de todo esse dinheiro é doado por grandes empresas e empreiteiras.

Por que as empresas gastam tanto com campanhas eleitorais?

A resposta a esta pergunta é simples: ao investir nas campanhas, depois das eleições serão as grandes empresas que vão mandar nos políticos. Nesse sentido, não se trata de “doação” eleitoral, mas sim de um investimento “eleitoral”.

A prova disso é que os maiores investimentos em campanhas eleitorais são dos bancos e de empresas que negociam de forma direta com o poder público. Portanto, quando uma empreiteira ou mineradora investe em uma campanha, ela espera retorno.

Nos municípios mineradores vemos claramente o poder das empresas. Vale, CSN, Samarco e outras companhias mandam e desmandam nas cidades. Elas retiram nosso minério, deixam a poeira e vários outros problemas ambientais e praticamente não pagam impostos. E os governos nada fazem para mudar essa realidade, pois os políticos estão atados e com dívidas frente às grandes mineradoras.


As Leis permitem que os patrões invistam em política, mas proíbem os trabalhadores. Dessa forma, a democracia no Brasil é a democracia dos ricos e poderosos!

Enquanto as grandes empresas podem doar milhões para campanhas e controlar as eleições no país, as organizações de trabalhadores são impedidas de fazer o mesmo.

De acordo com a Lei 9.504/97, os Sindicatos são proibidos de apoiarem candidaturas nas eleições. Muitos trabalhadores podem achar isso correto, pois opinam que sindicato não deve se meter com política. Mas achamos o contrário.

Os sindicatos são proibidos de apoiarem candidaturas políticas porque os patrões não querem representantes dos trabalhadores no poder. Se as entidades dos trabalhadores não podem apoiar candidaturas, a possibilidade de algum trabalhador ser eleito é muito menor.
Por outro lado, os patrões, com todo o dinheiro que têm, apoiam e financiam as candidaturas de seus políticos. Não é atoa que a maioria dos deputados e senadores do Brasil é composta de empresários ou aliados das grandes empresas.

Valério Vieira, diretor desincompatibilizado da entidade e candidato a Deputado Federal, não recebe doação de empresas


Valério Vieira, trabalhador da Vale, faz uma campanha eleitoral com dinheiro doado pelos trabalhadores. Temos muito orgulho disso, pois mostra que nosso companheiro não se vende para as grandes empresas.

Fonte: Sindicato Metabase Inconfidentes

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

"Assalto ao céu" e assalto ao seu direito de informação

O jornalista Demétrio Magnoli publicou, na Folha de São Paulo deste sábado (23), o artigo “Zé Maria na telinha” onde se esmera em tentar desqualificar as ideias e práticas minhas e do partido em que milito, o PSTU. Veja Aqui a matéria completa da Folha.

Conheci Demétrio há muito tempo, nos anos finais da década de 70 e início dos 80. Neste período eu militava na Convergência Socialista (que juntamente com outras organizações deu origem ao PSTU em 1994), e ele na OSI - Organização Socialista Internacionalista (que editava o jornal O Trabalho), organizações de bases ideológicas próximas naquele momento. Lutávamos contra a Ditadura Militar e, para além disso, contra o sistema capitalista que concentrava toda a renda e a riqueza do país nas mãos do grande empresariado, condenando a maioria da população a uma vida cada vez mais precária.

Defendíamos um programa operário e socialista que apontava para mudanças na estrutura econômica, social e política do país. Queríamos que, tanto os recursos naturais do Brasil como a riqueza produzida pelo trabalho do povo pudessem ser utilizados para assegurar vida digna aos que trabalham, ao invés de engordar os cofres dos bancos, multinacionais e grandes empresas que controlam a política e os governos em nosso país. Bem, a Ditadura acabou, mas o capitalismo segue de vento em popa. O país está cada vez mais rico, mas o povo trabalhador vive cada vez pior. Desculpe Demétrio, espero que não se ofenda por te fazer lembrar estas coisas, mas eu e o PSTU seguimos na luta contra este sistema.

Em seu artigo, de uma forma jocosa e desrespeitosa, Demétrio diz que estas ideias (que defendíamos juntos antes e sigo defendendo agora), não constituem um programa de governo e sim um convite a um “assalto ao céu”. Pois é, meu caro, naquela época eu e você defendíamos isso porque o programa aplicado pelos governos controlados pelos banqueiros e grandes empresários era de “assalto ao povo”. Isso não mudou e, apesar de não me surpreender, lamento que você tenha se somado aos que defendem este outro tipo de “assalto”.

Mas, indo ao problema mais sério do artigo, acho que os ataques (não são críticas porque não são sérias) que ele faz ao PSTU depõem contra o bom jornalismo. Ao tratar do Fundo Partidário, ou da necessidade da “desestatização dos partidos políticos”, Demétrio falta com a verdade aos seus leitores, afirmando que nenhum partido propõe acabar com o referido Fundo. O PSTU, desde que foi fundado, defende o fim do Fundo Partidário. Consideramos errado financiar partidos com dinheiro público, achamos que devem ser financiados pelas pessoas que os apoiam. E é assim que deve ser, pois é a única forma dos partidos terem independência política frente ao Estado que, para nós, é um princípio fundamental.

O PSTU é um partido socialista que organiza trabalhadores, trabalhadoras e jovens que querem lutar para mudar nosso país, para acabar com toda forma de exploração e opressão. É um partido ideológico. Por que Demétrio nos mistura às dezenas de partidos (pequenos e grandes) que se organizam para defender e fazer negócios escusos, alugar sua legenda e tempo de TV?

Apesar da distância ideológica que hoje nos separa, tenho dificuldade de acreditar que isso tenha sido feito por má-fé do jornalista. Então fico dividido entre duas alternativas: mau jornalismo ou falta de memória. O mau jornalista escreve sobre um assunto sem ter conhecimento sobre ele, conspirando contra o direito do leitor a uma informação minimamente fiel aos fatos. Ou falta de memória, porque Demétrio conhece nossa organização desde muitos anos, sabe como funcionamos e sabe muito bem que não dependemos de dinheiro do Estado para existirmos.

O que sim defendemos é o financiamento público das campanhas eleitorais. Somos contra o financiamento dos partidos e de suas campanhas pelas grandes empresas e bancos. Não só pela corrupção que se origina aí, mas também porque é assim que se estabelece a relação de lealdade do político eleito com as empresas que o financiaram e não com os eleitores que votaram nele.  Achamos que o Estado tem de definir uma quantia de recursos – igual para todos os partidos que inscreverem candidatos – para o financiamento de suas campanhas. Uma quantia pequena, pois tem de acabar com essa verdadeira indústria em que se transformaram as campanhas eleitorais, com agências publicitárias contratadas a peso de ouro para vender mentiras à população. E deve definir tempo igual nas redes de TV para cada candidato expressar suas opiniões. Só assim haverá um mínimo de democracia nas eleições.

Demétrio não diz, em seu artigo, o que defende. Por acaso defende o sistema atual? Onde os bancos, empreiteiras e multinacionais, em conluio com as grandes redes de mídia definem, de fato, quem é que vai ganhar as eleições? Será que é isso que ele chama de democracia?

Bem, talvez Demétrio preferisse mesmo que, ao respondê-lo, o chamasse de agente da CIA, da Santa Sé ou da Mossad. Não vou fazê-lo, porque não acho que ele seja isso. Demétrio é só mais um cara que mudou de lado, que se cansou de lutar contra a desigualdade e a injustiça, de lutar para melhorar a vida do povo. Resolveu cuidar apenas de si próprio, de melhorar a sua própria vida. Para isso mudou de trincheira e passou a servir àqueles que antes combatia, e o faz defendendo na mídia as ideias de seus patrões. Infelizmente, ele não está só nesta escolha, há vários outros por aí... Precisam provar lealdade aos novos senhores. Por isso precisam bater duro nos que continuam a defender as ideias que antes também defendiam. Fazer o que?

Como Demétrio sabe, eu não tenho espaço para defender minhas ideias no jornal onde ele escreve, por isso respondo pelas redes sociais (compartilhe, ajude a fazer esta resposta chegar até ele). Peço desculpas pela demora em responder, mas estava em uma tarefa militante muito importante todo este final de semana. Pois é, meu caro, eu não mudei. Continuo o mesmo sonhador e revolucionário que você conheceu quarenta anos atrás. Felizmente há cada vez mais gente como eu. E não desconfie, tenha certeza, serei um “ardoroso revolucionário” até o fim dos meus dias. Não vou abandonar o sonho de ver um dia este país livre de toda forma de exploração e de opressão e onde todos possamos viver plenamente como seres humanos e não como escravos dos bancos, das multinacionais e grandes empresas. Pena não poder dizer o mesmo de você.

Liderança histórica dos seringueiros denuncia Marina e declara apoio a Zé Maria

De sua modesta casa na reserva extrativista Chico Mendes, em Brasileia (AC), Osmarino Amâncio conversou com a redação do Portal do PSTU


Como você conheceu a Marina Silva?
Conheci a Marina nas Comunidades Eclesiásticas de Base. Ela trabalhou como catequista, eu também comecei como catequista e nós trabalhamos juntos. As comunidades eram ligadas à Teologia da Libertação. Depois, ela se candidatou, foi eleita deputada eu fiquei de suplente. Mas aí, em 1993, eu saí do PT por divergir do programa do partido, porque estava vendendo todos os seus princípios. Na época, o PT expulsou algumas tendências como a Convergência Socialista. Eu saí do PT em solidariedade à expulsão destes companheiros.
A Marina fez parte dos empates [mobilizações de seringueiros contra o desmatamento da floresta]. No começo teve uma trajetória boa, mas depois se adaptou à legalidade burguesa, indo ocupar uma cadeira de deputada e, depois, de senadora e ministra. Então, fez a grande traição do movimento dos seringueiros.
O que você pensa sobre a candidatura de Marina Silva à presidência da República?
Eu acho que é um retrocesso total tanto pra questão campesina como pra questão da Amazônia. Ela nunca teve uma preocupação com a questão da educação. Ela foi senadora e nunca teve essa preocupação de fortalecer esse setor.

Na Amazônia, ela fez toda a logística para que o agronegócio e para que as multinacionais pudessem dizimar com todo esse potencial aqui da região.
Acho que estamos numa situação em que os candidatos que tão na frente [das pesquisas] não se diferenciam muito. A Dilma não propõe a reforma agrária, o PSDB e a Marina também não. Na questão ambiental, os três têm a mesma agenda que é a economia verde. Como eles vão sustentar isso? Propondo uma esmola pra classe trabalhadora. Vão propor o Bolsa Família. Aqui na Amazônia vão propor a Bolsa Verde, o Bolsa Floresta. Então, vão distribuir esmola e os bancos vão ser os grandes beneficiários pela política propostas por esses candidatos.
Esse pessoal não governa o Brasil. Eles obedecem a uma política econômica do grande empresariado deste país. A Marina sequer tem uma ideologia. A Marina se apresenta como sendo alguém que não é nem de esquerda, nem de direita. Ela não cumpriu com o seu compromisso quando foi ministra. Ela privatizou a Amazônia com a Lei de Concessão de Florestas Públicas, garantiu que o agronegócio se fortalecesse com a liberação dos transgênicos, não teve uma política dura contra a importação dos pneus usados da Europa e da China.
O que você acha da proposta de Marina a respeito do desenvolvimento sustentável pra Amazônia?
Isso aí é a mercantilização total dos recursos naturais que ela quer implementar aqui. Hoje aqui tudo virou mercado. Hoje se propõe vender toda a madeira como matéria-prima. Tem a proposta do mercado de carbono, que garante aos empresários de Las Vegas poluir lá e “compensar” aqui na Amazônia. Isso é a proposta da economia verde. Sustentável para as multinacionais e para o grande capital.

Isso afeta os seringueiros e os indígenas aqui. A proposta dessa economia verde vai querer expulsar essas populações de suas áreas. Eles não vão poder nem colocar o seu roçado.  A Lei de Florestas Públicas vai entregar pra iniciativa privada a sua área de floresta.

Osmarino participa de audiência sobre desmatamento com Chico Mendes, dirigentes seringueiros e indígenas em Brasília
O que você acha da escolha de um vice ligado ao agronegócio na chapa de Marina Silva?
Já era algo esperado. A Marina não tem uma proposta de reforma agrária, nunca teve essa preocupação. Com a escolha desse vice [Beto Albuquerque] ela combina a imagem de lutadora que teve no passado com esse setor que sempre foi o grande inimigo daqueles que defendem a reforma agrária e lutam contra a concentração da terra. Os seringueiros e os índios vão sofrer as consequências disso na Amazônia.

Marina sempre usou a história de Chico Mendes em sua trajetória política. O que você acha disso?
Esse pessoal tenta dizer que o Chico era um ambientalista. O Chico nunca foi um ambientalista. Ele foi um libertário, um sindicalista socialista. O que o Chico discutiu com os ambientalistas foi uma aliança em alguns pontos. Mas a reforma agrária adequada pra essa região foi a proposta que o Chico defendeu. Pouco ante de morrer ele já tava divergindo da Marina por conta da proposta apresentada no congresso do Conselho Nacional de Seringueiro, do uso múltiplo da floresta. Isso era fazer o seringueiro aceitar o corte de madeira [comercial] aqui nas Reservas Extrativistas. Hoje o Chico estaria totalmente contra essas políticas que tão sendo implementadas.

Porque você está apoiando a candidatura de Zé Maria?
Eu tô apoiando porque é o único candidato que tá propondo a reforma agrária, a estatização da Amazônia. Tá ligado à luta de classe, ao movimento sindical da CSP-Conlutas. É um cara que tem um passado de luta que nunca foi negado por ele. Continua hoje com as mesmas convicções, como lutar contra a concentração de terras nas mãos de poucas pessoas.

O Lula que foi a esperança da classe trabalhadora sai de lá dizendo que os usineiros são heróis. Mas ainda tem muita gente que ainda luta como Chico Mendes fazia. Eu tenho certeza que essa população que se mobilizou em junho vai ter consciência disso.